Parada da independência
(ou: Independência parada)
Haroldo P. Barboza
Apesar de por cinco séculos
Sermos um povo dominado
Um dia iremos descobrir
Que não somos apenas gado.
De que adianta enaltecer
Que nosso chão possui riquezas
Se na maioria das casas
Não há comida sobre as mesas?
De que adianta dizer ao filho
Que nosso regime é de liberdade
Se por onde podemos caminhar
Prolifera a falta de igualdade?
Berço esplêndido apenas existe
Na canção do hino nacional
A grande parcela da população
Dorme sobre folhas de jornal.
No início de cada setembro
Ecoam desfiles da independência
Mas o sistema de comando
Aprisiona até a consciência.
Pensemos no escuro futuro
Que deixaremos às crianças
Um saco cheio de problemas
E vazios de ricas esperanças.
Vamos ensinar aos herdeiros
A idolatrar o hino e a bandeira
Para que em um tempo breve
Tenham amor à nação brasileira.
Independência só em moeda
É mero exercício de utopia
Liberdade de crescer feliz
Representa a real soberania.
No dia das paradas cívicas
Levemos o povo às janelas
Soldados baterão continência
Nós bateremos nas panelas!
O poema foi enviado por Delasnieve Daspet - Embaixadora do Brasil de Cônsul de Poetas del Mundo
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