quinta-feira, 19 de maio de 2011

Lamento e Súplica

Amigos.
Não sei se estão sabendo, mas moro na rua do Engenhão que o Prefeito dasapropriou todinha, sem antes conversar com proprietários e moradores, sem se importar com o caos em que transformou as nossas vidas. Eis o decreto e meu poema aqui abaixo.
Divulgue, por favor, a nossa dor.
Beijos.
Marilza
LAMENTO E SÚPLICA

               - Marilza de Castro (a Carvalho Branco)
 
I
 
Há os que fazem parte dos “sem terra”,
há aqueles que são ditos “sem noção”,
há os que lutam pela paz são os “sem guerra”,
  há os que vivem a vida “sem coração”...
E agora o Rio está cheio, está repleto
de uma grande multidão dita “sem teto”,
após lhe roubarem casa, alma e razão!
Nesta floresta feita de concreto,
o amor ao próximo no chão se enterra,
ao ser rasgada em trapos bandeira da Paz,
 por quem a trai, trazendo-a em si: é Paes*!
 
II
 
Será que um Ato impensado, Lei, Decreto
tem o direito de destruir a vida,
passo a passo, pelas pessoas construída?
Será que um bem maior obtido como herança,
sonho de um pai prover família, sua esperança,
além da proteção material – a segurança,
dos descendentes pelo resto de seus dias,
doando-lhes, assim, tais alegrias,
pode ser desmontado ao bel prazer
de alguém, como um castelo de cartas a se desfazer
ao mais leve toque da destemperança?
 
III
 
O cidadão, por si, vale mais nada!
   Pura fantasia, a democracia declarada...
Na calada da noite, tece-se a teia:
o direito do povo ignora-se, se arreia,
como às vestes aos escravos na senzala,
para aplicar-lhes os ferros e o açoite...
Que o silêncio dos mártires não mais acoite
   as barbáries dos senhores, que a mordaça cala...
 
IV
 
Em sendo, a voz do povo, a voz de Deus,
que o Grande Arquiteto do Universo
não permita que os nobres e os filisteus
apaguem as palavras de meu verso,
arranquem-me do seio de meu lar,
nem que derrubem paredes deste abrigo
que, há tão longo tempo, nem consigo
dos anos e mais anos me lembrar,
meu avô, meu pai querido, tijolo por tijolo a levantar,
para amparar,pelo futuro, a nossa clâ.
   Família amparada é hoje idéia vã?...
 
V
 
Meus filhos, minha nora, os quadrigêmeos...
Não lhes pesa a alma, não se perguntam: “Que destino demos
a tão promissoras criaturas?
Pusêmo-las na rua das amarguras,
assim jogadas à própria sorte!
Quantos idosos e doentes irão à morte?”
Perder lar, separar-se da família, isso é um corte!
   São suas almas, senhores, assim tão duras?...
Que a luz divina clareie, dos senhores, a essência,
para que a dor da perda não nos instale a demência.
Que a família se mantenha unida e permanente,
para que do futuro possa ser semente
a germinar, florindo, dando sentido à vida,
tendo a casa de seus pais como guarida!...
Rio, 16-05-2011


Prefeito decreta desapropriação de residências próximas ao Engenhão PDF Imprimir E-mail
Escrito por Cassiano Carvalho   
Ter, 10 de Maio de 2011 17:31
O prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes, decretou nesta segunda-feira(9), a desapropriação de mais de cem residências ao entorno do Estádio Olímpico João Havelange, o decreto foi publicado nesta terça-feira (10), no diário oficial do Município do Rio de Janeiro.Essas desapropriações visam as obras no Estádio para as olimpíadas de 2016, e a construção de um viadulto ligando a linha amarela ao Engenhão.

Segue o decreto:
Decreto nº. 33774 de 9 de maio de 2011
Diário Oficial do Município do Rio de Janeiro - 10/05/2011
Declara de utilidade pública, para fins de desapropriação, os imóveis que menciona (área de entorno do Estádio Olímpico João Havelange, no bairro do Engenho de Dentro, XIII RA.)
 



















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