quarta-feira, 3 de novembro de 2010

É justo “Professora dá bomba em Monteiro Lobato”?


Li, com cuidado, a matéria do caderno Gerais, jornal Estado de Minas do dia01 de Novembro:  “Professora dá bomba em Monteiro Lobato”. É que desejava conhecer os argumentos da professora Nilma.
Há vários lados nesta questão, positivos e negativos. Limito-me a apontar três:
1-     O que é banido desperta curiosidade. Quem sabe assim, as novas gerações fiquem curiosas em conhecer o texto do livro?
2-     As coisas não mudam:  em vez de utilizar a obra para contextualizar e abrir discussão sobre o tema, estão escondendo e mantendo   “a negação. Ninguém é racista no Brasil”  e “nosso racismo velado”se mantém ocultado. 
3-     A proposta (ou imposição?) de retirar os livros, justamente das escolas públicas, é mais uma vez, a discriminação de quem estuda nessas escolas, pois os demais poderão comprar os livros e abrir críticas em relação ao tema.

Espero que haja lucidez entre os acadêmicos para discordarem desta proposta infeliz e permitirem que a história do país seja estudada pela literatura que ensina mais que os livros didáticos.

                           Maria Angélica Bernardes dos Santos
         

Outra visão do mesmo tema:

Repúdio ao segundo exílio de Monteiro Lobato

 

Não bastasse a ação covarde do ex-ditador Getúlio Vargas que, por influência das multinacionais de combustíveis, expulsou Monteiro Lobato do País na década de 40, sob o argumento de que era comunista, por defender a existência de petróleo no Brasil, vem agora a Sra. Nilma Lino Gomes, que se identifica como professora e conselheira da UFMG, insinuar que sejam retirados das prateleiras das escolas públicas os livros do grande patriota Monteiro Lobato, para mim tão herói quanto Tiradentes. Digo isto porque, se Tiradentes morreu por pensar na nossa independência política, Monteiro Lobato foi expulso por defender nossa independência econômica.
Assim como o ex-ditador roubou os ideais de Monteiro Lobato para criar a Petrobrás, em 1953, a nós nos parece que o Conselho Nacional de Educação se apresenta com os mesmos requintes de Getúlio Vargas. Baseado em parecer equivocado pretendem banir das prateleiras das escolas públicas a obra do grande escritor e notável nacionalista. O CNE demonstra ignorar de forma espúria a verdadeira importância do autor. A nova censura é ainda mais grotesca se considerarmos que a obra Sítio do Pica pau Amarelo foi dedicada pelo autor, às crianças brasileiras, certo de que elas o entenderiam melhor que os adultos. Se atentarmos para o detalhe de que no “Sítio de Dona Benta” existia um poço de petróleo, concluiremos que estava correto.
Não é justo retirar das crianças o direito de saberem das verdades sobre o petróleo e de que a invasão do Iraque pelos Estados Unidos, por ordem do ex-presidente George Busch se assemelham aos da expulsão de Monteiro Lobato do Brasil, por influência das multinacionais na década de 40. Cabem aos professores colaborar para que os alunos estabeleçam estas relações. Jamais privá-los da leitura de obra tão importante.
Otaviano de Oliveira

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