INTEMPESTIVO
Nelci Nunes - O FALADOR.
O tempo, de todos; indiferente, abusa.
É voraz, feito idiotas, seguimos iludidos,
Fiados na idéia de que gastamos o tempo.
Não nos resta tempo para nada; porém...
Guardado no silêncio, o tempo corroe.
Este é o ano da Graça do Nosso Senhor,
Dia do esperma inválido, cambeta;
Benefício do despreocupado prazer.
Embora quisesse negar a alguém,
A vontade anômala de se esbaldar
[de vida em vida.
Tomo Coca-Cola com café,
A mãe do Red Bull com wisk.
Inspira-me à reviravolta do desatinado juízo,
Soltando o incrédulo súdito do tempo,
Este meu outro eu mais realista.
Pinga Fogo, cai verso, quebra lira.
Nova dose de álcool, passageira alegria,
Vem a noite grávida de mais um dia,
Levando consigo cáusticos amores.
Logo, serei o mais novo dono do meu ser.
A realidade me assombra; xô vida real!
Vou ao boteco das ilusões golear mais sonhos;
Para qualquer dia poder empenar o pé na estrada.
Caso alguém me encontre, não será coincidência;
Fui eu que, por muito descuidar; deixei em casa as asas.
Vem sangue da televisão vazia, gastança, vida difícil, realismo.
Sigo sob o tempo, acostumado a me acostumar com isso.
Percebo que não há terror em errar algumas, muitas vezes;
Antes de ser flagrado em incondicional e eterna rigidez.
Deixo estes versos à revelia, já desgastados pelo tempo...
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